Não sei exatamente porque, mas tenho uma certa ligação com o Oriente Médio: a cultura, as histórias, os sons, as cores… parece que tudo ali tem um encanto especial, uma aura de magia e mistério, um quê de sagrado. Por isso, fiquei completamente absorta durante a leitura de O Alforje, escrito pela iraniana Bahiyyi Makhjavani, editado no Brasil pela Dublinense e que saiu pela TAG há algum tempo. O livro foi lido na companhia dos sempre adoráveis membros do Clube do Curinga.
Diz-se que uma caravana cheia de riquezas passará pelo deserto, entre as cidades de Meca e Medina, em peregrinação. O líder de um grupo de bandoleiros planeja um ataque, mas um dos homens decide abordar a caravana antes e sozinho. O ladrão se depara com o que acredita ser o grande tesouro: um belo alforje de conteúdo misterioso e que promete mudar não apenas o seu, mas o destino de todos.
A obra é composta por 9 capítulos, cada um com o foco em um personagem da trama. Vi em alguns textos que esses capítulos seriam diferentes pontos de vista para a mesma história. Mas, a meu ver, são histórias diferentes que convergem para um mesmo momento, como linhas que se cruzam formando um tecido. O ponto de convergência é justamente o alforje, que entra e sai da vida de cada um, provocando mudanças profundas e irreversíveis.

Ele havia nascido com essa herança de vazio; era um legado que ganhara de graça.
Cada personagem traz angústias e objetivos específicos, o que torna o livro profundo, merecendo uma resenha ou análise para cada capítulo individualmente. Essas características próprias de cada um dos envolvidos acabam por conduzi-los ao deserto, esse ambiente de solidão, tão importante na cultura do Oriente Médio, que favorece a reflexão e a introspecção que, aliadas ao aspecto sagrado da peregrinação e místico do alforje, convidam a uma transformação interior.
E por falar em mudanças, é certo dizer que quase todos os personagens que acompanhamos tem um momento de virada, uma mudança drástica, a partir do encontro com o tal alforje (com exceção, talvez, do dervixe, e tenho algumas teorias quanto a isso). É interessante notar que, de alguma forma, todos alcançam o que almejam, mas geralmente a um alto custo e nem sempre de maneira óbvia.

Como o sentido de seu sonho de infância, como a mensagem em sua bolsa de remédios, certos conhecimentos precisavam amadurecer para serem entendidos.
A narrativa é cativante e poética, trazendo uma atmosfera um tanto mística, de encanto. A leitura inquieta e pode atacar um pouco a ansiedade, mas instiga a querer saber mais, a procurar mais uma peça do quebra-cabeça ao ver enxergar pelos olhos de outro personagem. E embora as histórias se conectem em um ponto específico, o livro não é maçante nesse aspecto, por não repetir as cenas, mas complementá-las.
Gostaria de destacar que, embora O Alforje tenha se tornado um favorito meu, esse não é um livro para todos os públicos. A falta de familiaridade com a cultura local e o desinteresse por histórias aparentemente circulares ou linguagem muito simbólica pode tornar a leitura enfadonha. Ainda assim, recomendo que dê ao menos uma chance para esse livro com aura de sonho.
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Resenha maravilhosa. Sinto que o livro cresceu pra mim depois das suas palavras aqui e no debate. Obrigada por compartilhá-las 🥰
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Ahh, que amor, Isa! ♥
Eu que só tenho a agradecer pelo carinho com que você e todo o Clube do Curinga sempre me recebem! Foi maravilhoso compartilhar essa experiência com vocês! ♥
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Também gosto muito de narrativas que se passam no Oriente Médio. Creio que esta é uma leitura que eu, provavelmente, iria apreciar. ♥
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Ahh, se você já tem essa tendência para essa região, vai adorar o livro! ♥
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