Resenha – A Dama das Camélias

Desde muito cedo, aprendemos a sonhar com um amor puro, ingênuo e a projetar em nosso futuro par todas as qualidades possíveis e impossíveis em um ser humano. Mas, como muitos de vocês já devem saber, a realidade é bem mais complicada. Em um romance de carga autobiográfica, Alexandre Dumas Filho conta a história de amor entre Armand Duval e Marguerite Gautier, A Dama das Camélias, que se tornou um grande clássico da literatura francesa e foi publicado pela Martin Claret.

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O livro já começa pelo fim, quando o narrador entra, por curiosidade, em um leilão na casa de Marguerite Gautier, cortesã famosa em Paris, que havia morrido há poucos dias. Como que guiado por uma força maior, ele adquire um livro que fora da jovem, o que o leva a conhecer, poucos dias depois, Armand Duval, de quem Marguerite fora amante e que passa a contar a história dos dois lá pelo capítulo 7, mais ou menos.

Que caminhos segue e que razões se dá o coração para chegar ao que almeja!

Armand se apaixona por Marguerite e se declara a ela, apesar de saber de seu modo de viver e todo o falatório que geraria na sociedade. A cortesã aceita tê-lo como amante, correspondendo, em pouco tempo, seu amor. Marguerite tem pouco tempo de vida, já que uma doença nos pulmões lhe enfraquece a cada dia, e decide que viverá aquele amor há muito negado às mulheres de sua condição. São muitas as reviravoltas, as alegrias e as tristezas até chegarmos ao ponto de partida, ou seja, à morte da jovem.

Foi uma leitura tranquila, fluente e fácil, sem que isso signifique falta de profundidade. A todo momento, Dumas Filho coloca questionamentos, válidos até os dias de hoje, sobre o julgamento que se faz das mulheres que necessitam utilizar da prostituição como um meio de subsistência. O sentimento de posse do homem em relação à mulher, a inferiorização desta na sociedade, a honra ligada ao dinheiro e ao nome de família estão também muito presentes.

Ao lado da vida ideal, existe a vida material, e as resoluções mais castas ligam-se à terra por fios ridículos, mas de ferro, que não se rompem com facilidade.

É interessante notar como, sendo uma obra de cunho autobiográfico (e sabemos quem seria Dumas Filho no casal), conseguimos constantemente sentir raiva de Armand e admirar a força e a inteligência de Marguerite. Esse foi um consenso entre os participantes do debate promovido durante a leitura coletiva do Blog Mundo dos Livros, com quem lemos essa obra.

Armand é o retrato do homem possessivo, que trata a mulher como um objeto, talvez até como um animal selvagem a ser domesticado e adaptado a um novo modo de viver, àquele de seu senhor. Embora os detalhes tenham mudado bastante (não andamos mais em carruagens abertas pelas praças ou vamos paquerar nas óperas), o padrão de comportamento permanece o mesmo, mostrando o quanto evoluímos pouco (ou será que evoluímos mesmo?) nos conceitos que temos de relacionamentos amorosos.

Kindle ao centro da imagem, com a capa de A Dama das Camélias, apoiado em uma pilha de livros. à direita da imagem e ao fundo, há um leque de madeira envernizado e com temas florais aberto. À frente e à direita, há uma presilha de cabelos com tema floral. Há folhas secas espalhadas à frente do Kindle.

A Dama das Camélias é uma dessas obras atemporais, que fazem jus ao rótulo de “clássicos”. Deliciosa de ler, imprescindível para refletir e sempre boa para recomendar! Portanto, te convido a se emocionar com a história da bela moça que ousou se apaixonar e viver esse amor, ainda que a sociedade não lhe permitisse.

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3 comentários em “Resenha – A Dama das Camélias

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  1. Nossa, aqui no blog a foto ficou ainda mais linda, eu achei. Já me vi sentindo raiva de Armand mesmo sem ter lido o livro kkkkk coisa que também passei com alguns personagens masculinos em Anna Karenina. Mas acho que clássicos são assim mesmo, cada leitor a seu tempo tem suas críticas e torna a obra atemporal à sua maneira.

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    1. Obrigada!! 🥰 Acho que nossa relação com os clássicos sempre vai ser meio de amor e ódio, né? Tão bem escritos, mas tão problemáticos pela sociedade em que foram produzidos hahaha

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