Resenha – Brava Serena

Dia dos namorados e hoje trago um livro de amor um pouco diferente: aqui o casal não está mais junto há muito tempo, embora o amor nunca tenha acabado. Estamos falando de um senhor que perdeu a esposa há muitos anos e resolve passar seus últimos dias na Itália, destino de sua lua-de-mel, revisitando os lugares onde foi mais feliz com sua amada. Conheça Brava Serena, escrito por Eduardo Krause, editado pela Não Editora, lançado em 2018.

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Roberto Bevilacqua se muda para Roma, após ser compulsoriamente aposentado. Matricula-se em uma escola de italiano, toma seus muitos remédios na hora certa, renuncia aos calóricos e gordurosos pratos italianos em nome da saúde já debilitada e começa a refazer os passeios de sua lua-de-mel, tentando recordar cada detalhe, em especial o rosto de sua amada esposa, que já começa a se esvair em sua mente.

“Melhor idade”, dizem as motivacionais propagandas de cola para dentadura.

Até aí, tudo dentro dos planos daquele que sempre trabalhou com seguros. Só que Roberto não contava conhecer Serena, a jovem que impressiona a todos e não se impressiona com nada e que promete virar a vida desse senhor de cabeça para baixo. Aos poucos, uma belíssima amizade se constrói e uma jornada de descobertas, saudades, muita comida e muito vinho se inicia.

O livro traz questões muito pertinentes e de forma bastante sutil. Roberto é um idoso que não tem ninguém (vamos entender melhor o que aconteceu ao longo do livro), e que tem dificuldades com coisas simples, como ligar um cooktop, e fica carregando um aparelho de celular muito antigo como despertador. Anda devagar, causando irritação em pedestres impacientes, procura pelas comidas menos gordurosas, despertando olhares de desaprovação dos garçons italianos. As cenas de intolerância e desrespeito à pessoa idosa são diversas durante a narrativa, algumas não intencionais, outras mais duras, mas o que mais doeu de ler foi a solidão sentida pelo protagonista.

Hoje, se pede tudo por celular. Não se gesticula mais. Um pecado, ainda mais na Itália.

Claro que sua solidão não dura muito tempo, pois Roberto conhece Serena, um raio de Sol, que chega a ofuscar as vistas, por vezes. Mas quantos tem a chance de ter uma Serena em sua vida, que lhe dê atenção, carinho e uma amizade sincera?

Outras questões muito importantes são ainda levantadas: a idealização da pessoa amada, especialmente após a morte, relações familiares afetadas pela falta de diálogo, diria até uma tendência à autodestruição quando se imagina que nada mais falta acontecer na vida. E o mais incrível é que tudo é feito com muito bom-humor, nada pesado, embora também possa arrancar algumas lágrimas.

Sorrio. Pois nada nesse mundo me impede de abrir uma garrafa de vinho e iniciar os preparativos para essa grande sandice.

Brava Serena também é cheia de referências ao cinema italiano, em especial aos filmes estrelados por Marcello Mastroiani, de quem Roberto é um sósia perfeito. Pratos italianos e vinhos também não poderiam faltar a essa mistura. Aliás, já aviso que não é uma boa ideia ler esse livro com fome! Várias paisagens italianas estão belamente descritas por aqui, e por diversas vezes tive que parar a leitura para pesquisar os lugares, de tão curiosa que fiquei.

Esse é um livro incrível, que promete agradar todos os tipos de leitores: os cinéfilos, os românticos, os enófilos, os comilões, os que gostam de rir, os que gostam de chorar, enfim, não há contraindicações para essa obra! Apenas abra seu vinho, sente em sua melhor poltrona e deixe-se levar até a Itália!

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